domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje eu fui dormir sem vontade de viver mais


Acordei hoje, e olhei o relógio. As horas passavam lentamente, o que não acontecia comigo no dia-a-dia. Tomei um banho e fui ver tv. A água estava muito fria, não consegui regular o chuveiro e ainda esqueci a toalha. Depois, não encontrava o controle da televisão. Quando o encontrei, estava sem pilha, e as pilhas que encontrei estavam fracas. Depois de conseguir as pilhas com a vizinha, finalmente liguei a televisão. Nada de bom para assistir. Apenas programas ruins e estrangeiros sem legenda. Então liguei o rádio e fui esquentar meu almoço. O rádio não funcionava por interferência da vizinha que estava ouvindo som. Quando fui esquentar o arroz e o feijão, os queimei. Depois lembrei que a carne não estava mais na geladeira. Ela estava podre e a joguei fora há dois dias atrás. Fui para o Mc Donald's. Uma fila do caramba e atendentes lerdos. Fiquei na fila durante umas duas horas no mínimo. Quando cheguei lá descobri que o hambúrguer de carne bovina havia acabado. Comi, portanto, o de frango, que estava horrível, por sinal. Depois, fui notar que havia dado cinco reais a mais do valor do hambúrguer de frango. Mas eu tinha jogado a notinha fora. Não adiantava mais reclamar. Depois, voltei para casa às quatro horas e relaxei durante quinze minutos nas minhas férias de trabalho. Fui para internet, e estava cheia de e-mails não lidos de uma empresa que fazia negócios com a empresa onde trabalhava. Liguei para o meu chefe e lhe avisei das mensagens que tinham vindo acidentalmente para a minha caixa de entrada e não para a dele. Ele se estressou comigo, e disse que eu devia ter lhe avisado antes. Depois, ele desligou e eu voltei a mexer no computador. Recebi o e-mail de um amigo e abri. Era vírus. Meu anti-vírus já estava "velho" e não avisou que havia vírus no recado. Depois daquilo já eram seis horas quando eu estava com fome. Fui até a padaria e comprei pão, manteiga e queijo. Quando cheguei na fila do caixa encontrei com meu chefe, que continuava bravo comigo. Expliquei minha situação a ele, porém não acreditou em mim, e ali, na fila do caixa, me demitiu. Depois, derrotada, percebi que não tinha dinheiro suficiente para comprar tudo. Deixei a manteiga mais cara e comprei a mais vagabunda que tinha lá. Afinal o sabor era o mesmo. Chegando em casa, arrumei a mesa, e fiz meu pão com manteiga e queijo. O pão estava duro, a manteiga era ruim, e o queijo estava ruim para cortar. Fui dormir quando eram sete horas e alguns minutos. Não conseguia pregar os olhos. A vizinha continuava a ouvir música, mas dessa vez era música eletrônica, e absurdamente alta. Pessoas bêbadas gritavam para que o mundo as ouvissem. Não vou negar, estava cedo para eu ir dormir, e cedo para que precisassem desligar o som. Eu teria que esperar mais três horas até que, segundo a lei, elas fossem obrigadas a desligar o maldito som. Virava de lá pra cá, e resolvi ligar pra minha prima. Psicóloga, com certeza ela poderia me acalmar que fosse pelo menos só um pouco. Depois de conversar tanto tempo com ela, percebi como o meu dia fora péssimo. Nunca nada de tão ruim acontecia em apenas um dia. Parecia que haviam bombas chovendo sob minha vida. Quando eram nove e meia, percebi que o som havia acabado. Fui dormir, mas não conseguia fechar os olhos ainda. Estava chorando de uma forma que nunca ocorrera antes. E imaginei o meu dia se passando várias vezes em minha cabeça. Pensava em como a minha vida era complicada, e como era injusta também. Hoje fui dormir sem vontade de viver mais. Lia Rezende

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